quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Capitulo 28: " Para ti são só umas fotos, para mim são milhares de homens a olharem para a minha macaca."



(Rúben)

Estava mesmo muito entusiasmado para ver o que a reacção da Vera ao meu presente, mas ao chegar lá a casa “outras coisas” meteram-se no caminho e acabamos por aproveitar para estarmos juntos e só quando já tínhamos matado as saudades um do outro disse-lhe que tinha algo guardado para ela.

Vera: O que é?-olhou-me com um sorriso.

Rúben: É algo que precisas, porque quando estou fora preciso de estar em contacto contigo. -peguei na caixa que tinha dentro da minha mala e dei-lhe. - Então aqui está. - ela abriu e quando reparou que era um telemóvel olhou-me.

Vera: Compraste-me um telemóvel?



Rúben: Sim, assim podemos falar quando estiver fora.

Vera: Rúben deves ter gasto imenso dinheiro, e nem era necessário. Havíamos de arranjar outra forma, não era preciso ter gasto tanto dinheiro.

Rúben: Outra forma tipo o quê?- sorriu. - Pombos de correio?-foi sarcástico, mas sempre com um sorriso no rosto.

Vera: Não, mas…sei lá.

Rúben: O telemóvel é o que precisas. - sorri ao ouvi-lo. - Assim podemos falar quando quisermos. E quero que fiques com ele, ouviste?




Vera: Está bem, pronto. Agora tens é de me ajudar com isto.

Abri a caixa do telemóvel e tirei-o. O Rúben ajudou-me com tudo, explicou-me o que fazer e como utilizar o telemóvel no dia a dia.

No dia seguinte no mercado o presente que o Rúben me tinha oferecido não tinha passado despercebido, especialmente por quem era habitual colocar olho na banca dos outros.

Raquel

Vera


 Reparei em tal facto quando ouvi a menina Raquel a dizer “Rúben”.

Vera :Olha. - assim que falei tanto a Teresa como a Raquel olharam me. - Posso saber o que estão para aí a falar?

Raquel: E estás interessada porquê?

Vera: Porque eu ouvi tu a dizeres “Rúben”… O que estás para aí a falar do meu homem?

Raquel: Olha porque o Rúben deixa-me… tu sabes. - agarrou a gola da camisola. -Com os calores…-sorriu.

Vera: Ai deixa-te com calores?!Vê se não queres ficar sem os dentinhos da frente.

Raquel: Toma mas é calminha, estávamos só a falar. E tu tens ouvidos de tisico?

Vera: Lavo é os ouvidos ao contrário de ti, apenas isto. - saí de perto da banca. -Diz lá o que estavas a falar?

Raquel: Do teu brinquedo novo…

Vera: E o que isto tem a ver com o Rúben?

Raquel: Não me peças para dar largas à imaginação. Mas o que me estava a referir era ao teu telemóvel.

Vera: O que tem?

Raquel: Foi o Rúben que deu?

Vera: Sim foi, assim podemos estar em contacto.

Raquel: Ui que romântico…- sorriu. - Bem tenho de ir. - via-se que queria mesmo colocar “inveja” e para tal falou o que falou olhando-me.


Vera: Vai e não voltes.

Teresa: Não digas isto. - olhou para a Raquel. - Boa sorte para a sessão fotográfica.

Raquel: Obrigada Teresa, depois digo como correu. - nem se deu ao trabalho de arrumar as caixas, pegou na malinha e saiu.

Vera: E nem se dá ao trabalho de arrumar as coisas.

Teresa: Disse-lhe que eu tratava disto. Vou olhar pelas duas bancas.

Vera: É, para a menina andar a tirar fotos, como se fosse alguma celebridade.

Teresa: Não fiques assim.

Vera: Eu só digo isto porque a Teresa não tem obrigação, e ela para aí como se tivesse feito alguma coisa de jeito. No fim de contas isto tudo é só por namorar com o Hugo…pff.

Teresa: Deixa lá. - sorriu.

Vera: É eu deixo… - olhei e vi aquela “alminha” a ir embora.

Teresa: E tu?

Vera: O que tem? - olhei-a.

Teresa: Está tudo bem?

Vera: Muito bem. - sorri-lhe.

Teresa: Isto é tudo por causa do Rúben?

Vera: Mais ou menos.

Teresa: Como assim?

Vera: Eu vou lhe contar uma coisa, mas isto não pode sair daqui.

Teresa: Claro mulher.

Vera: Eu era para contar isto à Raquel, mas dado que ela é uma boca aberta, acabei por não lhe contar… mas eu fui convidada para dar uma entrevista para uma revista!!

Teresa: A sério?

Vera: Sim, nem o Rúben sabe. Convidaram-me à uns dias… não é como aquilo da Raquel, é para uma revista mas fiquei tão contente.

Teresa: E com razão. - sorriu e abraçou-me. - Fico muito feliz por ti, e parabéns.



Vera: Obrigada.

Teresa: Mas quando vais contar ao Rúben?

Vera: Provavelmente hoje, acho que ele vai reagir bem, não?

Teresa: Claro que sim, ele vai ficar feliz por ti.

Vera: É só porque quando a Raquel foi convidada para fazer esta sessão fotográfica ele disse que não havia necessidade de eu andar nestas coisas de fotos e entrevistas, por isto é que fiquei com algum medo de lhe dizer.

Teresa: Não tenhas, vai correr tudo bem. Olha tens ali uma cliente. - apontou para trás e ao virar-me vi que tinha uma senhora perto da banca. Aproximei-me e ao lá chegar vi que era uma cara “familiar”.

Vera: Mas eu posso saber o que é que queres?

Adriana: Tenha lá calma.

Vera: Eu calma já tive muita contigo! - coloquei-me do outro lado da banca. - O que queres?
Adriana: Vim aqui por causa do trabalho.

Vera: Tal como foste à minha casa?! - fui sarcástica.

Adriana: É verdade… - pôs-se com um sorriso. - A casa daquele jeitoso.

Vera: Olha mas tu queres ter um ananás a servir de chapéu?!

Adriana: Vocês… ainda estão juntos?

Vera: Sim estamos.

Adriana: Oh que pena, e ele ainda tem o meu cartão?

Vera: Oh minha. - controlei-me para não dizer uma certa palavra. - Ele não tem cartão nenhum, nem nunca vai ter entendes?! Agora poe te a andar que tenho mais que fazer!

Adriana: Mas…

Vera: Não me faças dar a volta à banca. - ela deu-me aquele “olhar” antes de virar costas, fiz o mesmo e tentei “libertar” o meu stress que tinha ganho com esta visita.

(Raquel)

Saí do mercado a correr, e o Hugo já estava a minha espera para me levar ao estúdio.

Raquel: Vieste rápido!

Hugo: Não te queria deixar á espera.

Raquel: Estou tão ansiosa, mas também cansada, dormi mal e estas dores nas costas não ajudam nada.

Hugo: Não devias ir a sessão nenhuma, posso ligar para lá a adiar a sessão.

Raquel: Nem pensar, eles esperaram um mês por causa da minha perna, não vou adiar mais vez nenhuma. Além disso a barriga está a crescer, e não quero mais 15 quilos em cima de mim para fazer a sessão.

Hugo: Alguém já sabe da gravidez?

Raquel: No dia da festa de noivado, acabei por contar á senhora Teresa, mais ninguém sabe. Por falar nisso, acho que esta sessão para o Fama Show, vai servir para revelar a gravidez. O que achas?

Hugo: Por mim, tanto faz. Se é isso que queres fazer, acho bem.

Raquel: Não te importas mesmo? A tua família não vai ficar chateada por saber, pela comunicação social? Sei la …

Hugo: Não te preocupes com isso. Provavelmente vou ouvir bocas sobre isso, mas não me interessa de quem só se lembra de mim quando precisa de alguma coisa.

Raquel: Mas a tua mãe acho que devia saber…

Hugo: Depois da sessão vamos lá a casa falar com a ela, e aí contamos tudo, ok macaca?

Raquel: Não achas que vai haver algum problema? É que já passou algum tempo desde que saí do hospital. Ela pode ficar chateada …

Hugo: Não te preocupes. Já chegámos, estás pronta?

Raquel: Sim, e um pouco nervosa … Vamos lá. Vens comigo, não vens?

Hugo: Claro, quero ver o que vão andar a fazer com a minha macaca. Não quero poucas vergonhas.

Raquel: Sim, já sei pai!!

Hugo: É, goza goza! Anda lá macaca.

Entrámos no estúdio, e fomos muito bem recebidos. Levaram me para arranjar o cabelo e para a maquilhagem, e o Hugo sempre atrás para ver o que faziam comigo. 



Raquel: Como estou a ficar?

Hugo: Cada vez mais parecida com uma macaca. – sorri. 



 Esteve tudo bem até mostrarem as roupas para a sessão.

Hugo: O que é isso?

Raquel: São as roupas que vou usar, são giras não são?

Hugo: São giras, são, se não tivesses que quase mostrar o rabo.

Raquel: Não sejas tolo, não vou mostrar rabo nenhum. Não vais fazer filmes pois não?

Hugo: Não são filmes, é a verdade, não te quero para aí descascada para essa gente ver.

Raquel: Se for para andares com essas coisas, prefiro que te vás embora. Anda lá mor, não sejas tolo. Está tudo bem, são só umas fotos.

Hugo: Para ti são só umas fotos, para mim são milhares de homens a olharem para a minha macaca.

Raquel: Ohh, isso são tudo ciúmes? Que fofo.

Hugo: Vai lá fazer as fotos, não vou chatear mais. – dei-lhe um beijo e fui fazer a sessão.




A sessão acabou por correr bem, foram sempre muito simpáticos comigo e deram muitas indicações sobre o que deveria fazer. 




No fim mostraram algumas fotos, que até ficaram bastante boas, mas não quiseram mostrar muito mais para não estragar a surpresa do programa. Acabei por dizer que estava grávida, e eles mostraram se muito contentes, e disseram que iam fazer chegar essa notícia quando o programa saísse, além disso arranjaram algumas roupas um pouco mais largas na zona da barriga ou então posições para não mostrar muito. 








Raquel: Correu bem, não foi? 

Hugo: Sim, acho que sim. Podiam ter arranjado outras roupas ...

Raquel: Sim, claro que sim. Por ti tinha tirado fotos de pijama, quanto mais tapada melhor.

Hugo: É isso mesmo, só que o teu pijama não ia ser boa ideia... - sorri. - Bem, vamos agora a casa da minha mãe, assim contamos tudo e não há surpresas inesperadas. - chegámos lá num instante.

Margarida: Olá, está tudo bem? Não estava a contar com a vossa visita.

Hugo: Olá mãe. Está tudo, viemos aqui para lhe contar uma novidade.

Margarida: Aí sim ... Que novidade é essa?

Raquel: Bem, á um mês e meio, quando eu estive no hospital, descobrimos uma coisa...

Margarida: Mas está tudo bem? 

Raquel: Sim, sim está tudo... Já devíamos ter lhe contado, mas nunca surgiu a oportunidade.

Margarida: Digam lá, já estou nervosa... O que se passa?

Hugo: Vais ser avó mãe. A Raquel está grávida.

Margarida: Aí sim? Que bom, não é?

Hugo: Então mãe, não estás feliz? Sempre quiseste ser avó ...

Margarida: Claro que estou feliz. - abraçou me. Só não estava a espera. Então de quantos meses está?


Raquel: Estou de três meses.

Hugo: Vou ali, ver uns cd´s que já devia ter vindo buscar á uns tempos. Já venho.

Margarida: Está bem filho, eu fico aqui com a Raquel. Então como estão as coisas?

Raquel: Estão bastante bem.

Margarida : Não me parece ...

Raquel: Diga?

Margarida: Tu conseguiste enrolar bem o meu filho, mas a mim não me enrolas. Eu sei que tu não gostas dele verdadeiramente. Estás com ele só por interesse, mas eu vou lhe mostrar isso.

Raquel: Desculpe lá, mas a senhora não pode falar assim comigo, sabe muito bem que eu amo o seu filho.

Margarida: Já vais ter um filho dele, já estás noiva, estás a dar o golpe da barriga e ele está a cair que nem um patinho. Ele não vê isso, mas eu estou aqui para o proteger. Quanto é que queres para desaparecer daqui? Diz lá um numero.

Raquel: Eu não sou interesseira, eu gosto dele realmente. Não vou ser comprada por si.

Margarida: Todas dizem isso, mas nós mulheres temos um preço. E eu sei que quando essa criança nascer vais vir ter comigo pedir o dinheiro e desaparecer. E é bom que o faças.

Raquel: Eu não estou para ouvir isto ... - ouvi o Hugo a chegar e fugi para a casa de banho.

Hugo:Onde está a Raquel, mãe?

Margarida: Foi á casa de banho, deve estar quase a voltar.

Hugo: Mas está tudo bem?



Margarida: Tudo óptimo, filho! - nesse momento saí da casa de banho.

Hugo: Estás bem? Estives te a chorar?

Raquel: Está tudo bem. Podemos ir para casa?

Hugo: Sim, vamos já.

Margarida: Vão já?

Hugo: Sim mãe, vamos.

Margarida: Então até á próxima, cuida te Raquel. - nem olhei para a cara dela.

Hugo: O que foi que se passou?

Raquel: Não foi nada, só estou cansada.

Hugo: A minha mãe disse te alguma coisa?

Raquel: Não foi nada ...

Hugo: Mas estives te a chorar porquê?


Irá a Raquel contar ao Hugo? 












segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Capitulo 27: "A inveja é muito feia Verinha"



(Vera)

Aquilo da Raquel ter ficado noiva, a meu ver então passava de uma história muito mal contada… ainda há pouco se conheciam e agora estavam noivos! Ou queriam fazer isto à presa por uma razão em especial, ou um deles não estavam bem da cabeça.

Comentei isto com o Rúben, que sendo o “defensor da pátria” ficou logo do “outro lado”.

Rúben: Não os pode ver feliz é? Ele gosta imenso dela. - olhámos para a frente e vimos eles os dois juntos, ela com os braços sobre o pescoço dele, dançando. - E ela dele… só temos de ficar felizes por eles.

Vera: Eu fico muito feliz, mas fogo deixa-me só um pouco curiosa…

Rúben: O Hugo não me disse nada sobre pedir a Raquel em casamento, mas pode ter sido algo que decidiu sem pensar.

Vera: Ou anda ali mais qualquer coisa.

Rúben: Como por exemplo, senhora inspectora? - ele “gozava” com o meu sexto sentido.

Vera: Não sei , mas vou descobrir. - ele gargalhou. - É verdade, nunca me engano.

Rúben: Então depois avisa quando descobrires, sim?

Vera: Goza o que quiseres, mas depois ainda me vais dar razão.

Rúben: Sim, sim… Agora a menina, não quer ir dançar?

Vera: Dançar? - sorri, ao ouvir o convite que ele me tinha feito.

Ele colocou o seu copo sobre a mesa que estava mais próxima, e com um sorriso estendeu a mão. Entrelaçou-a na minha e levantei-me, coloquei o meu também ao lado do seu copo. Ao chegarmos à pista de dança, ele colocou as suas mãos na minha cintura puxou-me para perto dele, senti o seu corpo contra o meu. Aproximei os nossos rostos e beijei-o.

Por vezes olhava para a Raquel e para o Hugo e por mais que me custasse a admitir, parecia que o Rúben tinha mesmo toda a razão, eles estavam todos felizes.

Ao chegar a casa estava mesmo muito cansada e até o Rúben tinha fica exausto, logo deitámos-mos, para além de ficar aconchegados, o Soja ainda se veio juntar a nós os dois.

Isto levou a que o Rúben começasse logo a refilar, porque não queria que ele ficasse connosco mas lá o convenci a partilhar a cama com o meu pequenino.

XXX

Não gostava nada quando o Rúben tinha jogos fora, para além de não poder ir ao estádio o ver fica sem o ver um ou mais dias… o que não era mesmo nada bom. Ainda tentei ter uma recompensa por ele hoje ir embora, e ter uns “mimos” logo pela manhã mas o relógio não parava e teve mesmo de ir.

Tomei o pequeno-almoço, vesti-me e lá fui para o mercado. Hoje recebi alguns caixotes com produtos frescos e como tal o rapaz das entregas ajudou-me a levar cada caixa até à banca.

A Raquel, talvez por ontem ter tido aquela “surpresa”, hoje apareceu mais tarde, e veio acompanhada pelo  Hugo que foi quem lhe preparou a banca.

Mesmo com a atender a clientela reparei que ele demorou algum tempo para se despedir dela, parecia que estava a dar lhe algum conselho ou assim. Quando foi embora, ela atendeu os seus clientes e eu continuei a atender os meus.

Como disse que ia estar mais “atenta”, à hora de almoço, fui até à sua banca fazer um pequeno convite.

Raquel: Queres que eu vá contigo almoçar?! Parece mentira…. - riu.



Vera: Vim para ter uma resposta sim ou não? E também ia convidar a Teresa.

Raquel: Acho que pode ser. - virou-se, pegou na sua mala e olhou-me. - Vamos lá falar com a Teresa.

A Teresa também disse que aceitava ir almoçar, e por isto fomos até ao barcarense. Colocámos uma mesa para três, e mandámos vir o nosso almoço. Como o prato do dia era francesinha e como deixou-nos às três com água na boca, foi o prato escolhido.

Teresa: É mesmo bonito. - disse ao largar, pela milésima vez, a mão da Raquel para voltar a ver aquele anel. Eu apenas bebi mais um pouco da minha bebida, e revirei os olhos.

Raquel: A inveja é muito feia Verinha… - olhei-a.

Vera: Desculpa?

Raquel: Para além de não parares de olhar para o meu anel com este olhar carregadinho de inveja, até rebolas os olhos quando dizem alguma coisa sobre meu lindo anel.

Vera: Eu não estou nada mas mesmo nada, invejosa!

Teresa: É claro que não está. - falou para “por termo” à nossa conversa. - A Vera como tua amiga está é feliz por ti, aliás estamos todos.

Raquel: Também se tem razões não me estranhava…

Vera: Repete se faz favor. - ela olhou-me.

Raquel: Que tens razões para ficares invejosa. - falou e deu-me um pequeno sorriso.




Vera: Ai tenho?

Raquel: Sim, tens. Não queiras comparar o Rúben ao Hugo. - ouvi o que ela disse e levantei as sobrancelhas. - Não faças esta cara que é pura da verdade.



Vera: O Rúben não precisa de me pedir em casamento para mostrar nada, entende isto. Tu é que deves ter um complexo qualquer, olha talvez foi isto que levou o Hugo a pedir-te em casamento.

Raquel: Estás a ver?! Olha aí carregadinha de invejas.

Vera: Posso te garantir que não é inveja, é que eu e o Rúben estamos muito bem como estamos.

Teresa: E tu e o Hugo também estão, por isto acabou aqui esta conversa. - olhei para a Raquel e ela olhou-me e como a Teresa se tinha colocado a “meio” acabamos por pôr fim à nossa discussão.

As nossas “ricas” francesinhas chegaram e não demorou muito até nós limparmos os pratos. Tanto eu como a Teresa assim que terminámos, ficamos mais do que satisfeitas já a Raquel não parava de olhar para a vidreira do bracarense. Ela apenas deixou de o fazer quando voltou para a mesa com uma sobremesa na mão.



Teresa: Mas como é que ainda tens fome?

Vera: Isto eu também gostava de saber… - ela olhou-nos.

Raquel: Eu podia deixar de ficar sem provar este cheesecake! Tinha cá um aspecto. - estávamos tão cheias que nem sabíamos como raio ela conseguia comer, mas lá deixávamos ela se deliciar com aquele cheesecake.



Ricardo: Olá princesa. - olhei para o meu lado esquerdo e vi a puxar a cadeira que se encontrava vazia, aquela alminha que eu até pagava para não ver.

Vera: Ai por amor de Deus…. - falei para mim mesma.

Ricardo: Ficas logo toda assanhada quando me vês. - ia me tocar no rosto mas desviei-me para que isto não acontecesse. Já a Raquel apenas se ria.

Vera: Isto é porque a tua presença me incomoda, e muito!

Ricardo: Olha que gostava de saber porque, nunca te fiz nada. Pelo contrário, se me deixares eu até te faço muita coisa, mas tudo para ficares feliz lindinha.

Vera: Pois mas eu não quero nada de ti.

Raquel: Ela já tem o seu Amorinzinho. - a Teresa deu uma cotovelada na Raquel pois já era suficiente falar, quanto mais trazer o Rúben para a conversa.

Vera: Deixa o meu namorado fora desta conversa se faz favor.

Ricardo: Ele podia era se fazer à estrada. - olhei-o.

Vera: É que nem voltes a dizer isto, eu fico bem é quando o Rúben está por perto ouviste? E não há nada, mas mesmo nada que possas fazer que vá mudar isto. Podes parar com estas tuas conversinhas foleiras que não vai em dar, acredita.

Ricardo: Mas….

Vera: Não há mas, nem meio mas… compreende isto de uma vez por todas, sim?? - peguei na minha mala e levantei-me. Não falei mais nada, paguei a minha parte e voltei para a minha banca. Ao lá chegar pus me a ver umas revistas.

A Teresa e a Raquel voltaram, e eu ouvi que elas falavam sobre a sessão fotográfica da Raquel.

Vera: Estão a falar sobre?-levantei-me e como quem não sabia qual era o assunto discutido aproximei-me da banca da Raquel.

Raquel: Até parece que estavas ali e não estavas a ouvir.

Vera: Porque tens de ser sempre estúpida?!

Raquel: É para não seres sozinha. -sorriu.

Teresa: Meninas! - olhou-me. - Estávamos a falar sobre a sessão fotográfica da Raquel.

Vera: Humm, já tem data?

Raquel: Sim, é já amanhã. - falou toda feliz da vida.

Vera: Olha que bom.

Ficamos mais algum tempo a conversar mas depois o telemóvel da Raquel tocou e ela não perdeu tempo a atender. Logo se notou que era o Hugo, levantou-se e foi embora. Bufei ao ver que ela falava com ele, pois já tinha saudades do Rúben….

Teresa: O que se passa, Verinha?-passou a mão numa madeixa do meu cabelo.

Vera: Não é nada.

Teresa: Eu conheço-te, diz me o que se passa, vá.

Vera: É o Rúben…

Teresa: Chatearam-se?

Vera: Não, mas ele vai ter agora jogo fora, ou seja não cá está…não estou com ele. - ela sorriu ao ver que a razão para estar assim eram saudades.

Teresa: Ele vai ficar muito tempo?

Vera: Dois dias.

Teresa: Vais ver que passa muito rápido.

Vera: Espero que sim.

A conversa com a Teresa sempre deu para tirar por alguns minutos o Rúben da minha cabeça. Voltei para o trabalho e a Raquelinha não deixava o telemóvel da mão….Parecia que não tinha mais que fazer a não ser falar com o Hugo.

Voltar para casa não foi propriamente “divertido”…estar com o Soja apenas não era a melhor companhia, mas enrosquei-me no sofá com o meu bola de pelo e vi televisão até adormecer.

XXX

Contava minutos para ouvir o Rúben a tocar à campainha e finalmente chegar. Era domingo e eu não ia trabalhar, levantei-me e comecei a arranjar a casa.

Ao tocar a campainha, larguei tudo e fui abrir a porta. Ao ver atirei-me para os seus braços, unido de seguida os nossos lábios.



Fechei a porta e com os nossos lábios colados fui até à sala, deitámo-nos no sofá e ficamos a matar as saudades que tínhamos um do outro.

Depois de o fazermos levantei-me, vesti a camisola dele.

Vera: Queres comer alguma coisa?-como ele tinha acabado de chegar, e tínhamos logo vindo para a sala, ele ainda não devia ter comido nada.

Rúben: Não me importava.

Vera: Neste caso espera aqui um pouco. - ele ficou debaixo de um lençol, e pegou no comando.

Fiz umas tostas, uns ovos mexidos, e fritei algum bacon levei para a mesa. Ambos comemos e depois voltamos para a sala.



Rúben: Tenho algo para ti. - falou enquanto eu fechava o fecho das minhas calças.

Vera: O quê?

Rúben: Anda cá. - sentei-me ao seu lado no sofá, e ele pegou numa pequena mala que tinha trazido consigo.



O que terá o Rúben para a Vera?

domingo, 4 de agosto de 2013

Capitulo 26: " O bebe já está a refilar com tanta demora, vai lá, despacha te!! "



(Raquel)

Passadas três semanas de ter saído do hospital, estou novamente pronta para trabalhar, mas o Hugo não me deixa sair de casa, diz que tenho que descansar por causa do bebe. Na verdade este mês de “férias” soube muito bem, com o Hugo sempre a dar miminhos e a atender os meus desejos, mas também já estou farta desta casa, nem para ir á mercearia saio de casa. Depois daquela cena de ciúmes que fiz no hospital, nunca mais falámos naquele assunto, mas ele mesmo estando sempre comigo em casa, anda esquisito e recebe telefonemas que o fazem sair de casa a correr sem nenhuma explicação. Hoje foi o primeiro dia que saí de casa, fui a uma loja de roupa para ir comprar um vestido, parece que o Braga vai dar uma festa com todos os jogadores, e como não quero ir fazer figura de tola, tenho que ir bem arranjada e provavelmente a Vera também estará lá.

Hugo: Então já compras te o teu vestido?

Raquel: Sim, não é uma coisa muito extravagante.

Hugo: Posso ver?

Raquel: Não, só vês amanhã quando já estiver vestida para a festa.

Hugo: Ohh, va lá… Deixa ver se ficas gira!

Raquel: Ahh, isso quer dizer que só fico gira de vestido? Grande lata.

Hugo: Não, tu és linda com ou sem vestido, mas queria dar uma vista de olhos … Podia ajudar a tira-lo depois.

Raquel: Ajudas amanhã quando sairmos da festa.

Hugo: Mesmo teimosa …

Raquel: Olha não queres ir comprar um gelado? O teu filho é que está a pedir.

Hugo: A comer desta maneira, amanha o vestido não te serve.

Raquel: Tás com vontade de brincar, não é?

Hugo: É gelado de quê?

Raquel: Muda de conversa … Bolacha oreo.




Hugo: Sempre o mesmo sabor, qual é o problema com morango ou caramelo?

Raquel: Primeiro, quem tem os desejos sou eu e segundo se fosse para comeres tu o gelado eu não pedia nada.


Hugo: Só prefiro morango...

Raquel: O bebe já está a refilar com tanta demora, vai lá, despacha te!!

O Hugo quando voltou, trazia nas mãos dois gelados, um para mim e outro para ele. Ficámos enroscados um no outro o resto da tarde e acabamos os dois por ver um filme até adormecermos. Quando acordei vi que o Hugo já se tinha levantado e quando chamei por ele não obtive resposta, então levantei me e encontrei na cozinha o pequeno-almoço feito, com um bilhete ao lado que dizia: Fui ao estádio ter com o pessoal, volto depois do almoço. Quando ele chegou já era tarde, então já estava vestida para a festa só faltava ele se arranjar.

Raquel: Demoras te …

Hugo: Tive lá com o pessoal a falar da festa e tal. Mas já vi que não precisas te de ajuda para te arranjares.

Raquel: Vai lá arranjar te, temos pouco tempo.

Hugo: Está tudo controlado.

Raquel: Sim, contigo está sempre tudo controlado. – Ele foi tomar duche e eu sentei me na sala a calçar os sapatos. Passados alguns minutos ele saiu da casa de banho e foi para o quarto vestir o fato, e quando dou por mim lá está ele a pedir para lhe arranjar a gravata.




Hugo: Consegues aguentar te nesses saltos, depois de teres estado com a perna ligada semanas?

Raquel: Sacrifícios…

Hugo: Por mim nem saíamos de casa, esse vestido fica te a matar. - veio para mim e deu me um beijo.



Raquel: Vamos Hugo, estás mesmo chato. 

Hugo: Mas o chato aqui faz as vontades todas, não é?

Raquel: Vamos ou não?

Hugo: Não disse... A senhora é que manda.

Descemos e fomos para o carro. Durante o caminho o Hugo andou sempre a falar da gravidez e de quando seria a altura ideal para contar a toda gente. Disse-lhe que era melhor espera para os 4 meses, assim já sabíamos o sexo do bebe e seria mais fácil se quiséssemos fazer uma festinha ou assim. Senti o Hugo um pouco inseguro e nervoso, mas não lhe disse nada, podia ser por causa da saída do Braga, e como não o queria chatear com isso achei melhor nem abrir a pouco sobre o assunto.

Hugo: Se fosse menina, qual seria o nome?

Raquel: Não sei, por acaso nem tenho pensado muito nisso ... tens algum nome em mente?

Hugo: Por acaso até já tinha pensado em alguns, mas não queria escolher sozinho. Gosto de Diana, Inês, Marina, Matilde, Núria, sei lá.

Raquel: Até gostei de alguns. Mas e se fosse rapaz?

Hugo: Não sei bem, gosto de Bernardo, Simão.

Raquel: Eu gosto de Alex, Francisco, Afonso ... Olha já chegámos.

Hugo: Estás pronta?

Raquel: Claro, porquê a pergunta?

Hugo: Pergunta normal, para quem não saía de casa á um mês.

Raquel: Então vamos lá. - Estamos a entrar na sala onde estava a ocorrer a festa, quando alguém grita: "Eles vem aí" e nesse momento os convidados ficam todos a olhar para nós e começam a bater palmas.

Raquel: O que é que se passa? Isto é normal? Baterem palmas a quem entra?

Hugo: Normalmente, não ...


Raquel: Então o que é isto?

Hugo: Não faço ideia ...

Raquel: Mas isto é uma festa do Braga ou não?

Hugo: Devia ser ... - nesse momento, vem um empregado na minha direção que trás uma bandeja, com um bolinho, e entrega-mo.

Raquel: O que é isto? Oh Hugo tem uma coisa a brilhar aqui no queque. 


Hugo: O que é? - As pessoas estão todas a olhar para nós. - Tira isso do queque.

Raquel: É um anel ... - Nessa altura olho para o Hugo, e ele está de joelhos no chão. - O que é que tas a fazer?

Hugo: Raquel, tu és a pessoa mais importante da minha vida. O teu sorriso é mais do que perfeito, fazes me feliz, fazes querer levantar todos os dias de manha para te fazer o pequeno-almoço, por ti até sou capaz de lavar a louça todos os dias e aprender a dar o nó da gravata. É contigo que quero passar a vida toda, adormecer e acordar do teu lado, e se te trair alguma vez perdoa-me, é que ela vai ser tão linda como tu e vai andar pela casa a chamar me de papá. Melhor do que isto, não há. ADORO TE. Raquel, aceitas casar comigo?

Hugo: Então não dizes nada?

Raquel: Não ... Quer dizer sim. Sim eu quero, não .... SIM EU ACEITO CASAR CONTIGO!!! - ele levantou se e deu me um beijo que parecia que nunca mais acabava. Estavam todos a bater palmas, até havia algumas mulheres com a lágrima no canto do olho. 


Hugo: Deixa me meter o anel no dedo.

Raquel: Ohh Hugo é lindooo!!!! 

Hugo: Pensava que ias dizer que não... 

Raquel: Dá me um beijo.


Afinal, aquilo não era festa nenhuma do Braga. A família do Hugo estava toda lá, a senhora Teresa também, a Vera e o Rúben. Vieram todos dar os parabéns aos noivos. Ainda estava de boca aberta, nem queria acreditar que era verdade.

Sra. Teresa: Parabéns Raquel !

Raquel: Obrigada sra. Teresa.

Sra. Teresa: Estás muito bonita com esse teu vestido. Até parece que não te aconteceu nada, estás de salto 
alto.

Raquel: Muito obrigada. Tinha que ser, vinha para uma festa, tinha que estar bem arranjada. Depois tenho uma novidade para lhe contar, mas não pode ser aqui.

Sra. Teresa: Algum problema?

Raquel: Antes pelo contrário, não se preocupe. Depois falamos.

Vera: Então parabéns!

Raquel: Obrigada.

Vera: Por acaso estás mais bonita desde á um mês ... Andas a fazer algum tratamento facial? Ou tives te este tempo todo a fazer plásticas?

Raquel: Obrigada Vera. Um dia conto te o meu segredo ...



Vera: ouvi dizer que tens novidades, quais são? Não queres partilhar?

Raquel: Por acaso não tenho, mas mesmo se tivesse não ia partilhar contigo, deixa de ser cusca, até fica te mal.

Vera: Mas eu tenho uma novidade, não queres saber?


Qual será a novidade da Vera?