quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Capitulo 30-"Então ficaste sem palavras?"


(Vera)

Raquel: Olhem! Olhem! - levantou-se da cadeira e apontou para a televisão que estava na outra ponta da sala. - Duarte levanta o som! - ordenou ao miúdo que estava perto do balcão.Olhei para a televisão e a vontade de lhe esganar aumentava cada vez que ouvia uma palavra a sair da sua boca. - Ai mulher senta-te que assim ficas à minha frente. - tocou no braço exercendo alguma força para me sentar. Ela estava a olhar para a televisão de uma maneira que parecia estar a “adorar” o menino Jesus ou assim.

Todos os que estavam no bracarense olhavam para ela com um sorriso e eu com vontade de saltar a mesa… respirei fundo várias para assistir à reportagem que tinha sido feita na sessão fotográfica da outra.

Estava a prestar alguma atenção e  fiquei boquiaberta quando ela anunciou que estava grávida no final da entrevista.

Raquel: Está fantástico não está? - sorriu orgulhosa.

Hugo: Muitos parabéns minha princesa. - ela sorriu e beijou-o.

Rúben: Mas….Tu…Tu estás grávida?

Raquel: Humm. - acenou com a cabeça sorrindo.

Rúben: Parabéns aos dois, neste caso.

Hugo: Obrigado, mano.

Raquel: Obrigada. - olhou-me. - Então ficaste sem palavras?

Vera: Não estava à espera, só isso. Mas parabéns aos dois. - levantei-me. - Bem eu vou embora.

Hugo: Não vais almoçar connosco? - perguntou intrigado.

Vera: Não tenho muito fome, tenham um bom almoço.

Tentei dar o meu melhor sorriso e fui me embora. Ouvi o Rúben me chamar mas não olhei para trás. Voltei
até à banca.

Rúben: Podes me explicar o que se passou?

Vera: Não se passou nada. - peguei num dos caixotes, tentei  levantá-lo mas ele colocou as suas mãos
sobre as minhas, e voltou a pousá-lo.

Rúben: Deves pensar que me enganas. Ficaste assim desde que acabamos de ver aquilo da Raquel. - olhou-
me por alguns segundos com um ar sério.- Tu..ficaste chateada por ela estar grávida? Não me digas que
também querias estar grávida?

Vera: Achas, não é nada disso!

Rúben: Então?

Vera: É isso. - tirei a revista da mala e dei-lhe. Ele folheou pela revista e viu parar nas folhas onde tinha as minhas fotos.



























Rúben: Não gostas do resultado?

Vera: Não Rúben, aquela… - respirei fundo. - coisa meteu-se a meio, eu ia vos contar sobre isto, mas
como é claro ela tinha de ter o tempo de antena.

Rúben: Oh amor. - riu. - Não precisas de ficar assim só por causa disto.

Vera: Dizes isto porque não sabes como é a Raquel, agora não se cala com aquilo... Não é que eu queira esfregar a revista na cara de toda a gente mas graças àquela nem vão dar conta das fotos.

Rúben: Olha que eu não sei. - aproximou-se e agarrou-me pela cintura. - Fizeste um bom trabalho, as fotos tão muito bonitas. - beijou-me o pescoço. - Mas isto já era de esperar.

Vera: Dizes isto porque és meu namorado…

Rúben: Não sejas parva, estou a ser sincero. - olhei-o.

Vera: Tá bem abelha.. - ele sorriu.

Rúben: Agora podemos ir almoçar?

Vera: Eu não sei se consigo aguentar aquela alma durante o almoço todo.

Rúben: Ela está grávida amor.

Vera: É a sua sorte. - peguei na minha mala. - Vamos, mas aviso já que se ela começar a gabar-se vou-me
embora. - ele voltou a rir.

Rúben: Está bem.

Pelo caminho até ao bracarense o Rúben foi lendo mais um pouco da minha entrevista, ficando eu a
observá-lo.

Raquel: Já te deu fome foi?

Hugo: Raquel deixa-te de coisas. - olhou-me. - Ainda bem que voltaram.

Vera: Fiquei só um pouco mal disposta, mas já passou.

Raquel: Foi da azia? - sorriu.

Vera: Deixa de ser parva Raquel, como se eu tivesse inveja de ti...

Raquel: Tá bem, tá. - olhou para a revista que o Rúben tinha na mão e vi a sua feição a mudar assim que deu de caras com as minhas fotos. - Que é isto?

Vera: É uma revista, ou os flashes da sessão fizeram-te mal à cabecinha?

Raquel: Eu sei que é uma revista engraçadinha mas porque tem fotos tuas?

Vera: Porque dei uma entrevista para esta revista. - ela ficou com a mesma cara que eu ao saber que ela estava grávida.

Raquel: Não sabia.

Vera: Pois mas como vês não és a única que fez mas sessão.

Rúben: Meninas. - olhamos para o Rúben. - Vamos almoçar sem mais discussões. -Não falamos mais uma palavra durante o almoço todo.

Não tinha vontade de embirrar com ela mas o facto de ela querer sempre ter a “luz da ribalta” só para ela dava-me uma vontade de a esganar. Só que tinha de me lembrar que ela tinha dentro de si uma ser que não tinha culpa das palermices da mãe.

Rúben: Vou embora, mas ficas bem?

Vera: É claro, até parece que não estou habituada a ficar aqui a tarde toda. - sentei-me na minha cadeira perto da banca.

Rúben: Sabes porque digo isto? - olhei para o lado e vi a loirinha a conversar com a Teresa.

Vera: Sim sei e podes acreditar que vou me controlar.

Ele foi embora e eu voltei a tirar a revista.

Teresa: Olá minha menina.

Vera: Olá.

Teresa: Estou a interromper alguma coisa? - apontou para a revista com um grande sorriso. - Já vi as fotos, estás toda bonita.

Vera: Obrigada Teresa. - levantei-me e abracei-a. - Significa muito vindo de si.

Teresa: É pura verdade, estavam muito bonitas e a entrevista também. - olhei-a. - Mas eu não vim aqui só para te dar os parabéns, quero saber o que se passa dentro desta cabecinha. -passou a sua mão por uma madeixa do meu cabelo.

Vera: Não se passa nada Teresa. - tentei ser o mais convincente mas até o meu tom de voz contrariava o que eu tinha dito.

Teresa: Diz lá.

Vera: É que eu gostei mesmo muito de fazer esta sessão fotográfica. - ela sorriu. - Eu sei que pode parecer parvo  mas foi como se tivesse vivido um sonho  por algumas horas… e agora já terminou. A sessão está feita, a revista está nas bancas e é verdade que estou felicissima com o resultado, mas gostava de ter a sorte de poder fazer isto mais vezes. Acredite Teresa, aquilo é tão giro. - falar da sessão deixava-me logo com outro humor e a Teresa ouvia-me e sorria, quase com aquele sorriso de mãe ao ouvir uma filha. -Adorei tudo desde a roupa, à maquilhagem e pensei que quando fosse para a frente da câmara ia fazer figura de ursa, mas não demorou a sentir-me confortável. Então adoro quando vemos aqueles penteados, maquilhagem e roupa diferentes mas que ficam tão giros combinados… aii - suspirei quando o meu entusiasmo terminou “ao voltar à Terra” e a lembrar-me da realidade. - tudo o que é bom na vida acaba, não é? - disse-lhe em tom de pergunta retórica enquanto arrumava a revista.


Teresa: Vera eu não entendo muito destas coisas das revistas, mas tantas outras raparigas podem ser modelos ou lá como se chama e tu não? És tão bonita ias conseguir, porque não voltas a falar com estas pessoas que te convidaram para apareceres nesta revista ou alguém deste meio.

Vera: Isto foi apenas uma vez sem exemplo.. - falei desanimada. - Mas pronto, não vou pensar nisto. Até porque já fiquei muito feliz por o que aconteceu. - eu não queria falar mais disso. A Teresa tinha me ouvido e compreendeu que criar castelos no ar não era o que eu queria fazer. Fiquei muito feliz por ter tido aquela oportunidade sem ter qualquer tipo de experiência na área e agora o mais certo era guardar aquela revista como uma ótima lembrança e continuar com o meu trabalhinho. - Agora diga-me uma coisa viu aquilo que deu na tv com a Raquel?

Teresa: Sim vi. Estou tão contente por ela!Vai ser tão bonito vê-la com um bebé ao colo.

Vera: Eu ainda quero ver como ela safar naquelas primeiras noites.

Teresa: Oh Vera, não sejas assim. É a primeira gravidez, é normal.

Vera: Eu sei, só que a Teresa tem de admitir que a Raquel nunca foi uma pessoa muito dada a crianças…

Teresa: Uma gravidez é sempre uma grande felicidade, mesmo que ela tenha algumas dificuldades vai aprender com o tempo e eu vou estar aqui para lhe ajudar no que for preciso.

Vera: Sim isso já eu sei, ela vai ter ajuda da vovó Teresa para o que for preciso.

A Raquel parecia ter tirado a “tarde” já que não apareceu mais no mercado.Olhei para o relógio e como
aquilo nem estava movimentado comecei a pegar nas caixas, uma de cada vez, e levando para o armazém.

Vera: Olha a minha sorte…. - falei entre os dentes quando vi o paspalho do Ricardo a aproximar-se com aquele  ar de convencido.

Ricardo: Olá jeitosa.

Vera: Já te pedi para não me chamares isto.

Ricardo: Sabes que só digo a verdade. Olha vim aqui te dar os parabéns. - olhei-o. - Já vi a revista. - levantou a mão e vi que tinha a revista. - Será que posso ter um autógrafo… ou até algo mais. - aproximou-se

Vera: Mas tu queres apanhar? - peguei numa maça já que foi a peça de fruta que estava mais perto.

Ricardo: Toma calma, estás sempre mal humorada.

Vera: Isto é só quanto tu estás por perto. - peguei no caixote. - Txau!

Virei costas e fui em direção ao armazém sem olhar mais para trás. Não ia deixar aquele parolo me estragar o dia! Arrumei tudo, até porque quando voltei ele já tinha ido embora e fui até à minha rica casinha.

Agarrei o Soja, sentei-me no sofá e apertei o contra o meu peito.Depois ele deitou-se no meu colo.Eu ia lhe fazendo algumas festinhas e aos poucos e poucos ele fechando os olhos e adormeceu.

O agudo toque da campainha fez com que eu despertasse. Coloquei o Soja ao meu lado, ele estava a dormir tão bem que nem se mexeu.

Dei só uma breve olhadela ao espelho, passei os dedos pelo cabelo, arranjei-o um pouco até ficar minimamente apresentável e fui abrir a porta.

Assim que a abri vi um grande ramo de perfeitas rosas brancas na minha direcção.


 O Rúben segurava-o com um sorriso de orelha a orelha tão característico dele. O ramo era sem dúvida lindíssimo e eu tinha sido apanhada de surpresa, nem sabia que lhe dizer.

Rúben: Então amor, não gostas?

Vera: Claro, claro que gosto. - agarrei as flores e voltei a olhá-lo. - Obrigada. - coloquei o meu braço direito em volta do seu pescoço, aproximei-me dele e juntei os nossos lábios. Prolonguei  o beijo ao máximo e quando precisei de recuperar o fôlego separei as nossas bocas.Afastei-me para ele entrar.

Rúben: Estavas ocupada?

Vera: Não,não. - fui à cozinha agarrei numa jarra, coloquei água dentro e ali pus as rosas. Levei-as até à sala e coloquei no meio da mesa. - Não esperava que viesses.

Rúben: Vim, mas também não vou ficar muito tempo. - sorriu como se estivesse a planear alguma.

Vera: Como assim?

Rúben: Vim só te buscar.

Vera: Vieste me buscar?

Rúben: Sim. - levantou-se. - Não precisas de perguntar mais nada, só tens de pegar nas tuas coisas e vamos.

Vera: Mas o que levo se não sei para onde vamos? - ele riu.

Rúben: Não penses que assim vais conseguir fazer com que eu diga mais alguma coisa, leva só o teu telemóvel e a tua mala.

A boca dele virou túmulo e não me disse mais nada sobre onde íamos. Agarrei a minha mala vi se o telemóvel estava lá dentro e fui ainda ver se o Soja tinha comida.

Vera: Pronto já podemos ir.

Onde irá o Rúben levar a Vera?



sábado, 11 de janeiro de 2014

Capitulo 29-"Humm então era isto que querias ser? Modelo?"





(Raquel)

Aquelas palavras da mãe do Hugo tinham me deixado mesmo muito em baixo. Mas não ia conseguir contar a ele. A relação que tinha com a sua mãe era ótima e não queria ser eu a dar cabo disso.
Por isso chegámos a casa, não lhe disse nada e apenas lhe pedi que me fizesse um chá. Ele insistia, dizendo que se passava ali alguma coisa, mas iria me sentir mesmo muito culpada se falasse.

(Vera)

Aquela badalhoca que me apareceu na banca lá à tarde vez me ficar logo com sangue a ferver, mas depois voltei a conversar com a Teresa,e se há pessoa que me consegue acalmar é ela.

Ao chegar a casa vinha quase a cantarolar por ter a certeza que iria fazer aquela entrevista… Agarrei-me ao Soja, que veio logo se enroscar nas minhas pernas e fui até ao meu quarto.

Liguei ao Rúben e disse-lhe se queria vir cá jantar. Ele aceitou e por isto fui me lavar e tratar do jantar.
Estava tão contente que assim que vi o Rúben saltei para o seu colo.

Rúben: Então amor passasse alguma coisa?

Vera: Anda cá. - saí do seu colo, e coloquei-me de pé. Entrelacei a minha mão na sua e fomos até ao meu sofá. - Eu tenho uma novidade  para te contar.

Rúben: Ai sim? - sorriu.

Vera: Sim, eu quis ter a certeza antes de te contar, porque não sabia se ia com isto para a frente mas já decidi.

Rúben: Rita estás a deixar-me curioso, vá lá.

 Vera: Eu vou dar uma entrevista para uma revista.

Rúben: Hãn?

Vera: Foi o que ouviste, eles convidaram-me.Vou poder tirar algumas fotos,e dar uma entrevista. - sorria.

Rúben: Mas isto tem algum porquê?

Vera: Eles sabem que sou tua namorada,e apenas querem fazer alguns perguntas já que nunca apareci em nenhuma outra revista,vai ser tipo um exclusivo. - sorri-lhe. - Mas achas que me vou sair bem nas fotos? É que uma coisa é tirar umas fotos aqui em casa ou noutro sitio qualquer, outra é para uma revista e eu quero fazer um bom trabalho. - ele olhava-me com um sorriso mas vi que notava como uma certa surpresa.

Rúben: Claro que vais. Mas não sabia que estavas interessada em fazer sessões fotográficas ?

Vera: Oh amor lá por ter uma banca não quer dizer que esta ideia não me agrade.Se a minha mãe não me tivesse pedido para ficar com a banca quando estava doente tinha procurado outra área como óbvio.

Rúben: Humm então era isto que querias ser? Modelo?

Vera: Não disse que queria ser modelo, porque até a ideia de andar nas passerelas me assusta um bocado. O que gosto mesmo é estes temas das sessões fotográficas, este meio…. e agora que surgiu esta oportunidade acho que a vou aproveitar. Mas não achas que o deveria fazer?

Rúben: Nada disto. - sorriu e colocou a sua mão sobre a minha. - Se é isto que queres fico mesmo muito feliz por ti e vou te apoiar. Só te digo para não achares que é tudo um mar de rosas neste meio porque não é . Não sou nenhum perito, mas só não quero que te aconteça nada.

Vera: Fica descansado que eu sei bem o que vou fazer, vai correr tudo bem. - disse-lhe para irmos até à mesa já que tinha estado a preparar um bom jantar para nós.

Rúben: E quando vai ser esta sessão fotográfica?

Vera: Para o fim desta semana, sexta feira.

Ficámos mais algum tempo a falar sobre a futura sessão fotográfica e mudamos de assunto.

XXX

Estava mesmo bastante entusiasmada quanto à sessão fotográfica. Só me apetecia berrar de felicidade, podia parecer parvo, mas este pequeno “trabalho” fez me sentir preenchida.

Ao lá chegar, foi como ter a confirmação que tudo o que envolvia este mundo me fascinava. 

Vera
Aquelas luzes, aquela equipa que andava de um lado para o outro a preparar tudo, até ao mais pequeno pormenor. Aquelas mesas com imensas roupas, acessórios, malas, sapatos. Tudo para criar um pequeno conceito que daqui a pouco seria fotografado.

Estava a deslumbrar-me com aquilo tudo quando a senhora que me iria entrevistar veio se apresentar. Pareceu-me ser simpática. Chamava-se Beatriz. Disse para estar à vontade e que dali a pouco já me iriam tratar da maquilhagem e do cabelo.

Sentei-me na cadeira onde a Beatriz me tinha indicado para me sentar e fiquei para ali a mexer no meu telemóvel enquanto eles não vinham. Já que tinha aquela engenhoca nova sempre podia dar lhe algum uso.

Quando chegaram trataram de usar aquela maquilhagem que estava “espalhada” pela mesa à minha frente e eu ia ficando ali sentada, bem quietinha.

Quando estava pronto, fui tirar as fotos. Tenho de confessar que as primeiras foram um pouco “estranhas”, já que não era hábito estar em frente da máquina fotográfica. Mas depois quebrou-se  o gelo e fiquei mais confortável .










Quando as fotos já estavam tiradas, fui ter com a Beatriz  que me veio avisar ser a altura para fazer a entrevista.

Beatriz: Bom dia.

Vera: Bom dia. - cumprimentei-a com um beijinho.

Beatriz:Espero que não te importes que te trate por “tu”… para tornar isto menos “desconfortável”, e te sentires mais à vontade.

Vera: Claro, não há problema nenhum.

Beatriz: Neste caso, podes sentar-te. - apontou para uma das cadeiras que estavam perto da mesa.
Sentámos-nos. Falou comigo mais um pouco, dando-me só umas indicações de como iria correr a entrevista e depois deu início a esta. - Antes de mais, umas breves perguntas para os nossos leitores te conhecerem. Idade?

Vera: 21. 

Beatriz: És aqui do Norte?

Vera: Sim, foi aqui que nasci e pretendo ficar nos próximos tempos.

Beatriz: Namoras com o Rúben Amorim certo?

Vera: Sim. - falei e sorri-lhe. 





Beatriz: Pode nos dizer como começou a vossa história?

Vera: Ui… - levei a mão à cabeça, colocando o cotovelo sobre a mesa. - Nem sei por onde começar.

Beatriz: Foi amor à primeira vista?

Vera: Ah. - inclinei um pouco a cabeça - Nem por isto.

Beatriz: Então? - disse mostrando estar curiosa.

Vera: Demo-nos bem desde o inicio, só que não fomos daqueles casos que se apaixonaram assim que olharam um para o outro pela primeira vez. Foi acontecendo aos poucos.

Beatriz: E quando estes sentimentos apareceram, quem é que tomou as primeiras iniciativas? -sorri ao lembrar-me das flores que o Rúben me tinha oferecidos, os pequenos bolos…e muitas outros momentos

Vera: Ele foi um querido, e ainda o é. - não pode deixar de sorrir que nem uma parva.

Beatriz: Agora que falas nisto, se pudesses descrever o Rúben em algumas palavras, quais seriam? - levei alguns segundos para dar aquela resposta mas depois falei.

Vera: Atencioso, carinhoso e… especial . - ela sorriu.

Beatriz: Acompanhas de perto os jogos dele?

Vera: Não posso dizer que estou presente em todos,, mas mesmo não estando no estádio dou lhe sempre todo o meu apoio.

Beatriz: É fã de futebol?

Vera: Nem por isso, mas com o tempo tenho aprendido um pouco mais. - gargalhei.

Beatriz: Sendo o Rúben uma figura pública não fez com que hesitasse em nada?

Vera: Não, porque nem dou muita importância a isto. Acho que lá por ele ser uma figura pública não significa que isto vá mudar o que sinto por ele.

Beatriz: E planos para o futuro?

Vera: Planos para o futuro?

Beatriz: Sim, casamento, filhos?  - disse com um grande sorriso, que trazia entusiasmo.

Vera: Não sei, não sei… O futuro o dirá.

A Beatriz fez mais meia dúzia de perguntas e demos como terminada a entrevista.

Tinha sido sem dúvida uma experiência fantástica e se pudesse a repetir não pensaria duas vezes, mas não era a mim que me cabia decidir estas coisas, infelizmente.

Rúben: Como correu? - o Rúben não  pode ir à sessão pois tinha treino e não iria faltar.

Vera: Muito bem.

Rúben: Com este sorriso já deu para ver que sim. - sentei-me no seu colo. - E a entrevista, o que ela te perguntou?


Vera: Quis saber um pouco sobre mim, sobre nós, e sobre ti.

Rúben: Sobre mim?

Vera: Sim, queria saber como eu te caracterizava e coisas assim.

Rúben: E posso saber o que lhe disseste?

Vera: Disse que eras um chato, teimoso, impossível de se aturar. - disse aquilo num tom irónico e com um sorriso na cara.

Rúben: Ai foi? - acenei com a cabeça em sinal afirmativo. - E depois de falares isto ela não te  perguntou
porque aturar um chato? 

Vera: Que engraçadinho...mas ficas a saber que lhe disse  que eras muito atencioso e carinhoso.

Rúben: Bem me parecia que me vias com outros olhos. - sorriu. - E quando vou ver esta entrevista?

Vera: Sai na próxima semana.

Rúben: Ainda bem, porque quero ver estas fotos.

Vera: Está descansado, que é tudo muito decente.

Rúben: Espero bem que sim. - gargalhei ao ouvi-lo e de seguida juntei os nossos lábios.

Ele pegou-me e levou-me até quarto onde nos amámos. Fiquei tão bem nos seus braços que me deixei ficar em sua casa esta noite.


XXX

Sabia que hoje saia a revista com a minha entrevista, e por isso saí de casa e fui de seguida ao primeiro  quiosque ali perto.
Vera
Comprei uma e fui até ao mercado, até porque para além de querer mostrar à Teresa, disse ao Rúben para ir até lá depois do treino.

A manhã como habitualmente foi uma confusão nem deu tempo para mostrar a entrevista a ninguém,tive apenas de a arrumar na mala e esperar pela altura certa.
Tal como combinado fui até ao barcarense.Pelo os vistos o Rúben tinha trazido companhia e a "nossa" mesa já tinha também o Hugo e a Raquel.Ignorei o facto de eles também ali estarem e tirei a revista da minha mala,ia já a mostrar ao Rúben quando algo meteu-se a “meio” que me deixou extremamente irritada!


O que terá acontecido?